quinta-feira, 17 de julho de 2008

Já não se escrevem Cartas de Amor...



Acreditem que ainda se escrevem!...
Acerca do livro com entrevista a Mário Zambujal:

quinta-feira, 3 de julho de 2008

Encosta-te a mim...

Neste começo de Julho nada melhor que... um "encosta-te a mim"...


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quinta-feira, 5 de junho de 2008

Lindo!...



quarta-feira, 28 de maio de 2008

Tabacaria.




Tabacaria

Mas um homem entrou na Tabacaria (para comprar tabaco?),
E a realidade plausível cai de repente em cima de mim.
Semiergo-me enérgico, convencido, humano,
E vou tencionar escrever estes versos em que digo o contrário.

Acendo um cigarro ao pensar em escrevê-los
E saboreio no cigarro a libertação de todos os pensamentos.
Sigo o fumo como uma rota própria,
E gozo, num momento sensitivo e competente,
A libertação de todas as especulações
E a consciência de que a metafísica é uma consequência de estar mal disposto.

Depois deito-me para trás na cadeira
E continuo fumando.
Enquanto o Destino mo conceder, continuarei fumando.

Álvaro Campos

terça-feira, 20 de maio de 2008

Artista de Rua...



quinta-feira, 15 de maio de 2008

Ver para crer...



quinta-feira, 8 de maio de 2008

Museu do Oriente... finalmente!...



Lisboa tem novo museu pronto a abrir portas: o Museu do Oriente é inaugurado hoje (pelas 18,30h) e está instalado num grande edifício na Doca de Alcântara desenhado pelo arquitecto João Simões nos anos 30 e agora readaptado pelo atelier de João Luís Carrilho. São sete pisos e uma área de 15.500 metros quadrados, onde convivem três espaços distintos de exposição. O museu promete uma programação vasta e variada.

Fomos os primeiros a chegar e os últimos a partir, mas para muitos portugueses, a Ásia - ou as muitas Ásias que coexistem dentro dela - permanece(m) um lugar não apenas longínquo, mas desconhecido. Revelá-lo, na sua grandeza e diversidade, será agora a missão do Museu do Oriente.

O Museu, propriedade da Fundação Oriente terá naturalmente como temática principal Oriente, em todas as vertentes – histórica, social, religiosa, antropológica, etnológica, arqueológica e artística – de culturas singularmente exóticas e esplendorosas…

O espólio foi reunido pela Fundação Oriente desde 1988 e enriquecido, por exemplo, em 1999, com a incorporação da colecção Kwok On – mais de 13 000 peças de arte popular asiática: trajes, marionetas, máscaras, pinturas, porcelanas, objectos rituais, lanternas, dragões, jogos e estátuas…
Viagem inesquecível, portanto, por bem remotas paragens – Sri Lanka, Tailândia, Cambodja, Malásia, Indonésia, Vietname, Índia, Tibete, Birmânia, Nepal, Paquistão e Coreia.

Poderá encontrar mais informação sobre o museu no seguinte endereço:
http://www.foriente.pt/195/o-museu.htm

Museu do Oriente

Avenida Brasília – Doca de Alcântara (Norte)

Lisboa

Telefone: 21 358 52 44

Email: info@oriente.pt

quarta-feira, 30 de abril de 2008

Leonardo da Vinci - o génio.

Leonardo di ser Piero da Vinci (Anchiano, 15 de Abril (Calendário Juliano) ou 25 de Abril (Calendário Gregoriano) de 1452Cloux, Amboise, 2 de Maio de 1519) foi um pintor, escultor, arquitecto, físico, engenheiro, botânico e músico do Renascimento italiano. É considerado um dos maiores génios da história da Humanidade, embora não tivesse nenhuma formação na maioria dessas áreas, como na engenharia e da arquitectura. Não tinha propriamente um sobrenome, sendo "di ser Piero" uma relação ao seu pai, "Messer Piero" (algo como Sr. Pedro), e "da Vinci", uma relação ao lugar de origem de sua família, significando "vindo de Vinci" .
Quer ver de perto as suas invenções?

Exposição “Leonardo Da Vinci – O Génio”

Quando | 13 de Março de 2008 a 22 de Junho de 2008

De 2ª feira a Domingo das 10h00 às 20h00

Onde | Museus da Politécnica | Antigo Picadeiro do Colégio dos Nobres (Lisboa)



segunda-feira, 28 de abril de 2008

Ai que prazer...




LIBERDADE

Ai que prazer
não cumprir um dever.
Ter um livro para ler
e não o fazer!
Ler é maçada,
estudar é nada.
O sol doira sem literatura.
O rio corre bem ou mal,
sem edição original.
E a brisa, essa, de tão naturalmente matinal
como tem tempo, não tem pressa...

Livros são papéis pintados com tinta.
Estudar é uma coisa em que está indistinta
A distinção entre nada e coisa nenhuma.

Quanto melhor é quando há bruma.
Esperar por D. Sebastião,
Quer venha ou não!

Grande é a poesia, a bondade e as danças...
Mas o melhor do mundo são as crianças,
Flores, música, o luar, e o sol que peca
Só quando, em vez de criar, seca.

E mais do que isto
É Jesus Cristo,
Que não sabia nada de finanças,
Nem consta que tivesse biblioteca...

quinta-feira, 24 de abril de 2008

Tous les garçons et les filles de mon âge...



quarta-feira, 23 de abril de 2008

O filósofo português.


"Do que você precisa, acima de tudo, é de se não lembrar do que eu lhe disse; nunca pense por mim, pense sempre por você; fique certo de que mais valem todos os erros se forem cometidos segundo o que pensou e decidiu do que todos os acertos, se eles forem meus, não seus. Se o criador o tivesse querido juntar a mim não teríamos talvez dois corpos ou duas cabeças também distintas. Os meus conselhos devem servir para que você se lhes oponha. É possível que depois da oposição venha a pensar o mesmo que eu; mas nessa altura já o pensamento lhe pertence. São meus discípulos, se alguns tenho, os que estão contra mim; porque esses guardaram no fundo da alma a força que verdadeiramente me anima e que mais desejaria transmitir-lhes: a de se não conformarem."


Professor Agostinho da Silva (n 13.Fev.1906 / f 3.Abr.1994)

sexta-feira, 18 de abril de 2008

Será que Existe?!...




Alemanha. Inicio do século XX. Durante uma conferência com vários universitários, um professor da Universidade de Berlim... ...desafiou seus alunos com esta pergunta:

-"Deus criou tudo que existe?"
Um aluno respondeu:
-Sim, Ele criou...
Deus criou tudo? Perguntou novamente o professor.
Sim senhor! - respondeu o jovem.
O professor respondeu "Se Deus criou tudo, então Deus fez o mal? Pois o mal existe, e partindo do preceito de que nossas obras são um reflexo de nos mesmos, então Deus é mau?"
O jovem ficou calado diante de tal resposta e o professor, feliz, se regozijava de ter provado mais uma vez que a fé era um mito.
Outro estudante levantou a mão e disse:
-Posso fazer uma pergunta professor?
- Lógico - foi a resposta do professor.
O jovem ficou de pé e perguntou: - Professor o frio existe?
Que pergunta é essa? Lógico que existe, ou por acaso você nunca sentiu frio?
O rapaz respondeu: -"De facto, senhor, o frio não existe. Segundo as leis da Física, o que consideramos frio, na realidade é a ausência de calor. Todo corpo ou objecto é susceptível de estudo quando possui ou transmite energia, o calor é que faz com que este corpo tenha ou transmita energia. O zero absoluto é a ausência total e absoluta de calor, todos os corpos ficam inertes, incapazes de reagir, mas o frio não existe. Nós criamos essa definição para descrever como nos sentimos se não temos calor. E existe a escuridão? Continuou o estudante.O professor respondeu: - Existe.
E o estudante disse: - Novamente comete um erro, senhor, a escuridão não existe. A escuridão na realidade é a ausência de luz."A luz pode-se estudar, a escuridão não!" Até existe o prisma Nichols para decompor a luz branca nas varias cores de que está composta, com suas diferentes longitudes de ondas. A escuridão não! Um simples raio de luz atravessa as trevas e ilumina a superfície onde termina o raio de luz. Como pode saber quão escuro está um espaço determinado? Com base na quantidade de luz presente nesse espaço, não é assim? Escuridão é uma definição que o homem desenvolveu para descrever o que acontece quando não há luz presente.
Finalmente, o jovem perguntou ao professor: -Senhor o mal existe?
O professor respondeu: - Claro que sim, lógico que existe, como disse desde o começo, vemos estupros, crimes e violência no mundo todo, essas coisas são do mal. E o estudante respondeu: - O mal não existe, senhor, pelo menos não existe por si mesmo. O mal é simplesmente a ausência do bem, é o mesmo dos casos anteriores, o mal é uma definição que o homem criou para descrever a ausência de Deus. Deus não criou o mal. Não é como a fé ou o amor, que existe como existe o calor e a luz. O mal é o resultado da humanidade não ter Deus presente em seus corações. É como acontece com o frio quando não há calor, ou a escuridão quando não há luz.
Por volta dos anos 1900, este jovem foi aplaudido de pé e o professor apenas balançou a cabeça permanecendo calado...
Imediatamente o director dirigiu-se àquele jovem e perguntou qual era o seu nome. E ele respondeu: - ALBERT EINSTEIN.

quarta-feira, 16 de abril de 2008

Pour toi...

Para saber quem foi Edith Piaf: http://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%89dith_Piaf

terça-feira, 15 de abril de 2008

Interpretações... cada qual tem a sua!




Numa prova de entrada para a Universidade...
Questão: Interpretar o seguinte trecho do poema de Camões:

'Amor é fogo que arde sem se ver,
é ferida que dói e não se sente,
é um contentamento descontente,
dor que desatina sem doer'.

Uma aluna deu a sua interpretação:


'Ah! Camões, se vivesses hoje em dia,

tomarias uns antipiréticos,

uns quantos analgésicos

e Prozac para a depressão.

Comprarias um computador,

consultarias a Internet

e descobririas que essas dores que sentias,

esses calores que te abrasavam,

essas mudanças de humor repentinas,

esses desatinos sem nexo,

não eram feridas de amor,

mas somente falta de sexo!'


Teve nota máxima. Foi a primeira vez, depois de mais de 500 anos, que alguém entendeu qual era a ideia do Camões...

sexta-feira, 11 de abril de 2008

Jardim Zen - A Beleza Natural




Um monge jovem era o responsável pelo jardim zen de um famoso templo Zen. Ele tinha conseguido o trabalho porque amava as flores, arbustos e árvores. Próximo ao templo havia um outro templo menor onde vivia apenas um velho mestre Zen. Um dia, quando o monge estava esperando a visita de importantes convidados, ele deu uma atenção extra ao cuidado do jardim. Ele tirou as ervas daninhas, podou os arbustos, cardou o musgo, e gastou muito tempo meticulosamente passando o ancinho e cuidadosamente tirando as folhas secas de outono. Enquanto ele trabalhava, o velho mestre observava com interesse de cima do muro que separava os templos.
Quando terminou, o monge afastou-se um pouco para admirar seu trabalho.
"Não está lindo?" ele perguntou, feliz, para o velho monge.
"Sim," replicou o ancião, "mas está faltando algo crucial. Me ajude a pular este muro e eu irei acertar as coisas para você."
Após certa hesitação, o monge levantou o velho por sobre o muro e pousou-o suavemente em seu lado. Vagarosamente, o mestre caminhou para a árvore mais próxima ao centro do jardim, segurou seu tronco e o sacudiu com força. Folhas desceram suavemente à brisa e caíram por sobre todo o jardim.
"Pronto!" disse o velho monge," agora você pode me levar de volta."

quarta-feira, 9 de abril de 2008

O mundo em miniatura.



Quase todas as semanas por lá passo. Passo... não quer dizer que entre. (Não me julguem um qualquer “doidivanas”) Tanto mais que o dinheiro não abunda e como tal é um pretexto mais que suficiente para não o frequentar assiduamente (como, confesso... gostaria).
É um bar? Um museu? O Pavilhão Chinês, em Lisboa, acolhe dezenas de turistas todas as noites.
Deixo-vos uma pequena crónica de Luis Garcia e Marina Ribeiro para vos despertar a curiosidade de pelo menos lá irem uma vez...

Quem lá entra pela primeira vez dificilmente consegue disfarçar o deslumbramento. Fernando e Paola Gonzalez, 36 e 34 anos, vieram de Madrid e estão a passar o fim-de-semana em Lisboa. Descobriram o bar ao passar na rua e não parecem arrependidos: “Este sítio encanta-nos, nunca vimos nada igual”, diz a espanhola.
Ao som da campainha, um empregado impecavelmente vestido com calças pretas de vinco, colete e laço vermelhos por cima da camisa branca, abre a porta ao cliente e acompanha-o até às mesas. Aí, reina a diversidade. Grupos de turistas riem e conversam animadamente enquanto bebem um “Porto”, jovens experimentam os cocktails da casa nas pausas do jogo de bilhar, casais conversam calmamente de chávena de chá na mão.
Predomina gente da classe média-alta entre os 25 e os 35 anos, mas há clientes de várias idades e classes sociais. Portugueses e estrangeiros misturam-se numa proporção equilibrada. Por cima da música ambiente variada – techno, R&B, jazz – ouve-se falar espanhol, alemão e inglês. António Pinto, 50 anos, gerente do Pavilhão Chinês diz que “o bar é muito frequentado por estrangeiros. Neste momento de crise eles têm sido a nossa salvação”.
No meio da variedade existe um ponto em comum: sempre que uma conversa esmorece e o olhar se desvia do interlocutor, logo encontra refúgio num qualquer ponto numa parede ou no tecto. Pode ser um soldadinho de chumbo ou um capacete da Primeira Guerra Mundial, um mapa caricatural ou um aviãozinho de brincar, uma espada ou um desenho da Betty Boop. “Podemos comprar os bonecos?”, pergunta Paola Gonzalez.
São muitos milhares de peças de colecção divididas tematicamente por cinco salas decoradas pelo dono do bar, Luís Pinto Coelho. “As peças são todas pessoais. Ele começou a coleccioná-las desde os 12 ou 14 anos e quando abriu este bar resolveu pôr cá as peças todas que tinha em casa”, conta António Pinto. Entre as colecções mais valiosas estão as peças de Bordalo Pinheiro, como Zés Povinhos, peças de cerâmica variadas e bonecos articulados. António Pinto salienta que “há algumas peças que o Museu Bordalo Pinheiro não tem e outras que copiou das nossas”.
Apesar de o bar ter sido inaugurado em 18 de Fevereiro de 1986, supõe-se que o Pavilhão Chinês date de 1901. O número 89 da rua D. Pedro V, no Príncipe Real, foi no início do século XX uma mercearia onde se vendiam especiarias finas, café e chás. Em 1985, quando Luís Pinto Coelho decidiu fazer um bar naquele espaço, recuperou os armários e estuques em ruínas e manteve o nome do estabelecimento. Para reproduzir o ambiente fino da época, apostou não só numa decoração cuidada como no atendimento “à antiga”.
Estas são as grandes qualidades do bar na opinião de um grupo de 4 advogados londrinos sentado a uma mesa da sala de bilhar. “O serviço é muito bom” diz Russell Conway, 50 anos. “O bar tem muito estilo, é único, não conheço nada assim em Inglaterra. Lá há muitos bares com mesas de bilhar, mas são pubs, não têm esta classe”, observa Nicholas Mills, 26 anos, acrescentando que o grupo só teve conhecimento do bar a partir de “um amigo que viveu em Portugal” porque “não vinha no guia turístico”.
A publicidade boca-a-boca é a principal forma de promoção do Pavilhão Chinês. “A nossa publicidade é feita exclusivamente através dos cartões e postais que as pessoas levam. Depois, os próprios turistas vão passando a palavra”, diz António Pinto. Outra forma de promoção é a cobertura mediática que tem acompanhado a vida do bar desde o início. “Uma vez esteve cá um jornalista do Telegraph holandês a fazer uma reportagem e passado algum tempo apareceram aqui vários holandeses com uma folha inteira do jornal. E há cerca de quinze dias aparecemos no New York Times”, exemplifica o gerente.
Foi precisamente através da imprensa que João Pedro Santos, 30 anos, conheceu o Pavilhão Chinês: “Há dez anos, li um artigo sobre o dono do bar no Expresso e vim cá. Mas como não sou de Lisboa, só venho cá quatro vezes por ano”. Desta vez está acompanhado por Carla Moreira, de 23 anos, que está a gostar da sua estreia no bar: “É interessante e original, muito diferente dos outros. Entrou directamente para a minha lista de bares preferidos”.

sexta-feira, 4 de abril de 2008

O que é nacional é bom!



O Menino Grande.




“O Menino Grande
A minha humilde homenagem a Sebastião da Gama*

Também eu, também eu.
joguei às escondidas, fiz baloiços,
tive bolas, berlindes, papagaios,
automóveis de corda, cavalinhos...

Depois cresci,
tornei-me do tamanho que hoje tenho;
os brinquedos perdi-os, os meus bibes
deixaram de servir-me.
Mas nem tudo se foi:
ficou-me,
dos tempos de menino
esta alegria ingénua
perante as coisas novas
e esta vontade de brincar.

Vida!,
não me venhas roubar o meu tesoiro:
não te importes que eu ria,
que eu salte como dantes.
E se eu riscar os muros
ou quebrar algum vidro
ralha, ralha comigo, mas de manso...

(Eu tinha um bibe azul...
Tinha berlindes,
tinha bolas, cavalos, papagaios...
A minha Mãe ralhava assim como quem beija...
E quantas vezes eu, só pra ouvi-la
ralhar, parti os vidros da janela
e desenhei bonecos na parede...)

Vida!, ralha também,
ralha, se eu te fizer maldades, mas de manso,
como se fosse ainda a minha Mãe...



* Poeta português, natural de Vila Nogueira de Azeitão, Setúbal. Concluiu o curso de Filologia Românica na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa em 1947, e ainda nesse ano iniciou a sua actividade de professor, que exerceu em Lisboa (Escola Comercial Veiga Beirão), Setúbal e Estremoz. Foi colaborador das revistas Árvore e Távola Redonda.
Sebastião da Gama ficou para a história pela sua dimensão humana, nomeadamente no convívio com os alunos, registado nas páginas do seu famoso Diário (iniciado em 1949). Literariamente, não esteve dependente de qualquer escola, afirmando-se pela sua temática (amor à natureza, ao ser humano) e pela candura muito pessoal que caracterizou os seus textos. Atingido pela tuberculose, que causaria a sua morte precoce, passou a residir no Portinho da Arrábida, com a panorâmica serra da Arrábida a alimentar o culto pela paisagem presente na sua obra. Foi, entretanto, instituído, com o seu nome, um Prémio Nacional de Poesia. Estreou-se com Serra Mãe, em 1945. Publicou ainda Loas a Nossa Senhora da Arrábida (1946, em colaboração com Miguel Caleiro), Cabo da Boa Esperança (1947) e Campo Aberto (1951). Após a sua morte, foram editados Pelo Sonho é que Vamos (1953), Diário (1958), Itinerário Paralelo (1967), O Segredo é Amar (1969) e Cartas I (1994).

quinta-feira, 3 de abril de 2008

Hoje chegou a altura...




Cada um de nós tem o seu “segredo” e precisa do seu espaço na vida para... reflectir e se encontrar. Um “blog” no meio de “milhões” torna-se, sem dúvida alguma, um “espaço” privilegiado para tal acontecer...
Em vez de me deslocar para o alto duma serra e... meditar, sento-me numa cadeira e em frente dum ecran (como este) e escrevo o que me vai na “alma”. Acreditem que funciona quase como a cadeira do psicólogo.
Hoje... porque se trata de uma data especial (para mim... claro) vou falar dos meus “filhotes”.
Tenho dois filhos nos quais tenho muito orgulho. Não... eles não são os “melhores do mundo” (ainda que para mim sejam...) mas andam lá perto. Cada um, à sua maneira, têm “feito pela vida”. E quando me refiro a “fazer pela vida” estou a falar-vos (me) das suas pequenas “vitórias” em relação a tudo. Quer no plano profissional quer no campo pessoal. É evidente que, como “toda a gente”, já sofreram os seus “revezes” e já tiveram as suas “frustrações” mas isso tem ajudado a fazê-los “crescer”. É isso a que nós chamamos de maturidade. É cairmos e levantarmo-nos “tantas vezes quantas as necessárias”. E é evidente que ainda irão cair muitas mais... tal como eu ainda caio. É um processo de aprendizagem lento. Como o provérbio chinês diz:
“O Homem torna-se velho muito rápido e sábio demasiado tarde”.
Apesar de personalidades distintas, um é “aventureiro” e “ousado” o outro é “persistente” e “idealista”, são um pouco do meu “ego” projectado neles. (será assim ou nem tanto?).
Recordo-me, como se fosse hoje, das brincadeiras que tinha com eles. Sobretudo há um local onde isso acontecia e que de quando em vez relembramos nas nossas conversas. No Parque do Monteiro Mor (ao Lumiar) há uma mata bastante grande. Aos domingos íamos para lá de lancheira e um saco de pão duro.
A lancheira, obviamente, era para levarmos as sandes e sumos com que fazíamos os “pic-nics”. O saco do pão era para lançarmos aos peixes e patos que existem num dos lagos ao pé de uma pequena cascata. (na última vez que lá fomos observei a mesma cena com outros miúdos... como eles adoram fazer aquilo). Mas continuemos... depois de “alimentar os bichinhos” passeávamos tranquilamente por entre as copas das árvores detendo-nos, de quando em vez, a observar o nome de alguns espécimes já centenários. Era vê-los correr... saltar... rir... de alegria.
Depois havia sempre o “jogo” (que eu tinha inventado numa das primeiras vezes que lá fomos). Partíamos de um sítio, eu e a mãe, e combinávamos o local de encontro (para o caso de se perderem). Eles esperavam uns minutos (já não me lembro quantos) e depois iam seguindo as setas, que eu entretanto fazia no chão, e que lhes indicava o caminho por onde deviam seguir. Eu fazia sempre questão de dar “uma volta grande” para a brincadeira se prolongar. Era tão simples mas dava-lhes tanta alegria... Seguia-se a hora do “repasto” calmo e repousado (levávamos uma manta de “trapos” que servia de mesa no chão da mata).
Parece que ainda hoje sinto falta do “jogo das setas no chão”...
Para eles que não sabem que eu escrevi isto (um dia... quem sabe... poderão descobri-lo por acaso) vai o meu amor (sem medida) de pai...

quarta-feira, 2 de abril de 2008

Eu sei!... ( dito por Jean Gabin)



terça-feira, 1 de abril de 2008

mentira ou... verdade num futuro próximo?!...





Eis um exemplo do resultado do "choque tecnológico" em 2019... (já estamos perto)

Cruzamento de dados em 2019:

- Telefonista: Pizza Hot, boa noite!
- Cliente: Boa noite, quero encomendar Pizzas...

- Telefonista: Pode-me dar o seu NIN?
- Cliente: Sim, o meu Número de Identificação Nacional é o 6102 1993 8456 5463 2107.

- Telefonista: Obrigada, Sr. Lacerda. O seu endereço é na Avenida Paes de Barros, 19, Apartamento 11, e o número do seu telefone é o 21 549 42 36, certo?
O telefone do seu escritório na Lincoln Seguros, é o 21 574 52 30 e o seu telemóvel é o 96 266 25 66, correcto?

- Cliente: Como é que conseguiu todas essas informações?

- Telefonista: Porque estamos ligados em rede ao Grande Sistema Central.
- Cliente: Ah, sim, é verdade! Quero encomendar duas Pizzas: uma Quatro Queijos e outra Calabresa...

- Telefonista: Talvez não seja boa ideia...
- Cliente: O quê...?

- Telefonista: Consta na sua ficha médica que o senhor sofre de hipertensão e tem a taxa de colesterol muito alta. Além disso, o seu seguro de vida proíbe categoricamente escolhas perigosas para a saúde.
- Cliente: Claro! Tem razão! O que é que sugere?

- Telefonista: Por que é que não experimenta a nossa Pizza Superlight, com Tofu e Rabanetes?
O senhor vai adorar!
- Cliente: Como é que sabe que vou adorar?

- Telefonista: O senhor consultou a página "Receitas Gulosas com Soja" da Biblioteca Municipal, no dia 15 de Janeiro, às 14:27 e permaneceu ligado à rede durante 39 minutos.
Daí a minha sugestão...
- Cliente: Okay, está bem! Mande-me então duas Pizzas tamanho familiar!

- Telefonista: É a escolha certa para o senhor, a sua esposa e os vossos quatro filhos, pode ter a certeza.
- Cliente: Quanto é?

- Telefonista: São 49,99.
- Cliente: Quer o número do meu Cartão de Crédito?

- Telefonista: Lamento, mas o senhor vai ter que pagar em dinheiro. O limite do seu Cartão de Crédito foi ultrapassado.
- Cliente: Tudo bem. Posso ir ao Multibanco levantar dinheiro antes que chegue a Pizza.


- Telefonista: Duvido que consiga. A sua Conta de Depósito à Ordem está com o saldo negativo.
- Cliente: Meta-se na sua vida! Mande-me as Pizzas que eu arranjo o dinheiro. Quando é que entregam?

- Telefonista: Estamos um pouco atrasados. Serão entregues em 45 minutos.
Se estiver com muita pressa pode vir buscá-las, se bem que transportar duas Pizzas na moto, não é lá muito aconselhável. Além de ser perigoso...
- Cliente: Mas que história é essa? Como é que sabe que eu vou de moto?

- Telefonista: Peço desculpa, mas reparei aqui que não pagou as últimas prestações do carro e ele foi penhorado. Mas a sua moto está paga e então, pensei que fosse utilizá-la.
- Cliente: Foooddddddd.......!!!!!!!!!

- Telefonista: Gostaria de pedir-lhe para não ser mal educado... Não se esqueça de que já foi condenado em Julho de 2006 por desacato em público a um Agente Regional.
- Cliente: (Silêncio).

- Telefonista: Mais alguma coisa?
- Cliente: Não. É só isso... Não. Espere... Não se esqueça dos 2 litros de Coca-Cola que constam na promoção.

- Telefonista: O regulamento da nossa promoção, conforme citado no artigo 095423/12, proibe a venda de bebidas com açúcar a pessoas diabéticas...

- Cliente: Aaaaaaaahhhhhhhh!!!!!!!!!!! Vou atirar-me pela janela!!!!!

- Telefonista: E torcer um pé? O senhor mora no rés-do-chão...!


segunda-feira, 31 de março de 2008

Música da Semana...

Por todas as razões... que só eu sei!...



Com doces e bolos... se enganam as “criancinhas”.




- 25 de Março - O primeiro-ministro, José Sócrates, afirmou ontem que a crise orçamental verificada em 2005, tal como em 2002, «está ultrapassada», pois os factores que a motivaram«estão resolvidos com as mudanças estruturais feitas no País». (Jornal “DN”)

- 25 de Março - Mais de 100 mil famílias portuguesas encontram-se em situação de grande dificuldade financeira. No entanto, as más notícias não ficam por aqui, pois as taxas de juro subiram pela 14ª sessão consecutiva, atingindo o valor mais alto deste ano. Esta subida mostra que as medidas dos bancos centrais (garantir liquidez) para resolver a crise de crédito não estão a resultar. (Jornal “Destak”)

- 28 de Março - O primeiro-ministro anunciou esta semana o fim da crise orçamental e acaba de lançar um rebuçado às empresas com a descida, já previsível, do IVA de 21 para 20 por cento. Um rebuçado às empresas, sim, porque a generalidade das famílias portuguesas vive cada vez com maior dificuldade para pagar as suas contas. E as casas. (jornal “Sexta”)

sexta-feira, 28 de março de 2008

Aqui e agora...



A minha filosofia de vida é cada vez mais: o estar aqui e agora.
Mais do que fiz (de bem ou de mal)... mais do que vai ser o meu futuro (sei lá o que vai ser...) é viver o hoje.
Viver o hoje significa estar de bem comigo... com os outros... com tudo o que me rodeia. Apesar das "chatices" que me batem à porta (e a quem não acontece isto?!...) é saber tirar partido dessas vivências.
Como soi dizer-se: "Não é difícil viver... difícil é saber viver". Não quero ter pressa de viver. Quero "saborear" cada momento...


Ai que prazer
Não cumprir um dever,
Ter um livro para ler
E não o fazer!
Ler é maçada,
Estudar é nada.
O sol doira
Sem literatura.
O rio corre, bem ou mal,
Sem edição original.
E a brisa, essa,
De tão naturalmente matinal,
Como tem tempo não tem pressa...

Livros são papéis pintados com tinta.
Estudar é uma coisa em que está indistinta
A distinção entre nada e coisa nenhuma.

Quanto é melhor, quanto há bruma,
Esperar por D. Sebastião,
Quer venha ou não!

Grande é a poesia, a bondade e as danças...
Mas o melhor do mundo são as crianças,
Flores, música, o luar, e o sol, que peca
Só quando, em vez de criar, seca.

O mais que isto
É Jesus Cristo,
Que não sabia nada de finanças
Nem consta que tivesse biblioteca...

quarta-feira, 26 de março de 2008

História virtual.




Entrei apressado e com muita fome no restaurante. Escolhi uma mesa bem afastada do movimento, porque queria aproveitar os poucos minutos que dispunha naquele dia, para comer e acertar alguns “bugs” de programação num sistema que estava a desenvolver, além de planear a minha viagem de férias, coisa que há tempos que não sei o que são.
Pedi um filete de salmão com alcaparras em manteiga, uma salada e um sumo de laranja, afinal de contas fome é fome, mas regime é regime não é?
Abri o meu portátil e apanhei um susto com aquela voz baixinha atrás de mim:
- Senhor, não tem umas moedinhas?
- Não tenho, menino.
- Só uma moedinha para comprar um pão.
- Está bem, eu compro um.
Para variar, a minha caixa de entrada está cheia de e-mail. Fico distraído a ver poesias, as formatações lindas, rindo com as piadas malucas.
Ah! Essa música leva-me até Londres e às boas lembranças de tempos áureos.
- Senhor, peça para colocar margarina e queijo.
Percebo nessa altura que o menino tinha ficado ali.
- Ok. Vou pedir, mas depois deixas-me trabalhar, estou muito ocupado, está bem?
Chega a minha refeição e com ela o meu mal-estar. Faço o pedido do menino, e o empregado pergunta-me se quero que mande o menino ir embora. O peso na consciência, impedem-me de o dizer.
Digo que está tudo bem. Deixe-o ficar. Que traga o pão e, mais uma refeição decente para ele.
Então sentou-se à minha frente e perguntou:
- Senhor o que está fazer?
- Estou a ler uns e-mail.
- O que são e-mail?
- São mensagens electrónicas mandadas por pessoas via Internet (sabia que ele não ia entender nada, mas, a título de livrar-me de questionários desses):
- É como se fosse uma carta, só que via Internet.
- Senhor você tem Internet?
- Tenho sim, essencial no mundo de hoje.
- O que é Internet ?
- É um local no computador, onde podemos ver e ouvir muitas coisas, notícias, músicas, conhecer pessoas, ler, escrever, sonhar, trabalhar, aprender. Tem de tudo no mundo virtual.- E o que é virtual?
Resolvo dar uma explicação simplificada, sabendo com certeza que ele pouco vai entender e deixar-me-ia almoçar, sem culpas.
- Virtual é um local que imaginamos, algo que não podemos tocar, apanhar, pegar... é lá
que criamos um monte de coisas que gostaríamos de fazer.
Criamos as nossas fantasias, transformamos o mundo em quase como queríamos que fosse. - Que bom isso. Gostei!
- Menino, entendeste o significado da palavra virtual?
- Sim, também vivo neste mundo virtual.
- Tens computador?! - Exclamo eu!!
- Não, mas o meu mundo também é vivido dessa maneira...Virtual. A minha mãe fica todo dia fora, chega muito tarde, quase não a vejo, enquanto eu fico a cuidar do meu irmão pequeno que vive a chorar de fome e eu dou-lhe água para ele pensar que é sopa, a minha irmã mais velha sai todo dia também, diz que vai vender o corpo, mas não entendo, porque ela volta sempre com o corpo, o meu pai está na cadeia há muito tempo, mas imagino sempre a nossa família toda junta em casa, muita comida, muitos brinquedos de Natal e eu a estudar na escola para vir a ser um médico um dia.
- Isto é virtual não é senhor???
Fechei o portátil, mas não fui a tempo de impedir que as lágrimas caíssem sobre o teclado.Esperei que o menino acabasse de literalmente 'devorar' o prato dele, paguei, e dei-lhe o troco, que me retribuiu com um dos mais belos e sinceros sorrisos que já recebi na vida e com um 'Brigado senhor, você é muito simpático!'.
Ali, naquele instante, tive a maior prova do virtualismo insensato em que vivemos todos os dias, enquanto a realidade cruel nos rodeia de verdade e fazemos de conta que não percebemos!

terça-feira, 25 de março de 2008

O Alentejo e os alentejanos.



Palavra mágica que começa no Além e termina no Tejo, o rio da portugalidade.O rio que divide e une Portugal e que à semelhança do Homem Português, fugiu deEspanha à procura do mar.
O Alentejo molda o carácter de um homem. A solidão e a quietude da planíciedão-lhe a espiritualidade, a tranquilidade e a paciência do monge; asamplitudes térmicas e a agressividade da charneca dão-lhe a resistência física,a rusticidade, a coragem e o temperamento do guerreiro. Não é alentejano quemquer. Ser alentejano não é um dote, é um dom. Não se nasce alentejano, é-sealentejano. Portugal nasceu no Norte mas foi no Alentejo que se fez Homem. Guimarães é oberço da Nacionalidade, Évora é o berço do Império Português. Não foi por acasoque D. João II se teve de refugiar em Évora para descobrir a Índia. No meio dasmontanhas e das serras um homem tem as vistas curtas; só no coração doAlentejo, um homem consegue ver ao longe.
Mas foi preciso Bartolomeu Dias regressar ao reino depois de dobrar o Cabodas Tormentas, sem conseguir chegar à Índia para D. João II perceber que só ocostado de um alentejano conseguia suportar com o peso de um empreendimentodaquele vulto. Aquilo que para o homem comum fica muito longe, para umalentejano fica já ali. Para um alentejano não há longe, nem distância porquesó um alentejano percebe intuitivamente que a vida não é uma corrida develocidade, mas uma corrida de resistência onde a tartaruga leva sempre amelhor sobre a lebre.
Foi, por esta razão, que D. Manuel decidiu entregar a chefia da armadadecisiva a Vasco da Gama. Mais de dois anos no mar... E, quando regressou, aoperguntar-lhe se a Índia era longe, Vasco da Gama respondeu: «Não, é já ali.».O fim do mundo, afinal, ficava ao virar da esquina.
Para um alentejano, o caminho faz-se caminhando e só é longe o sítio onde nãose chega sem parar de andar. E Vasco da Gama limitou-se a continuar a andaronde Bartolomeu Dias tinha parado. O problema de Portugal é precisamente este:muitos Bartolomeu Dias e poucos Vasco da Gama. Demasiada gente que não consegueterminar o que começa, que desiste quando a glória está perto e o mais difíciljá foi feito. Ou seja, muitos portugueses e poucos alentejanos.
D. Nuno Álvares Pereira, aliás, já tinha percebido isso. Caso contrário, nãoteria partido tão confiante para Aljubarrota. D. Nuno sabia bem que uma batalhanão se decide pela quantidade mas pela qualidade dos combatentes. É certo que oRei de Castela contava com um poderoso exército composto por espanhóis eportugueses, mas o Mestre de Avis tinha a vantagem de contar com meia-dúzia dealentejanos. Não se estranha, assim, a resposta de D. Nuno aos seus irmãos,quando o tentaram convencer a mudar de campo com o argumento da desproporçãonumérica: «Vocês são muitos? O que é que isso interessa se os alentejanos estãodo nosso lado?»
Mas os alentejanos não servem só as grandes causas, nem servem só para asgrandes guerras. Não há como um alentejano para desfrutar plenamente dos maissimples prazeres da vida. Por isso, se diz que Deus fez a mulher para ser acompanheira do homem. Mas, depois, teve de fazer os alentejanos para que asmulheres também tivessem algum prazer. Na cama e na mesa, um alentejano nuncatem pressa. Daí a resposta de Eva a Adão quando este, intrigado, lhe perguntouo que é que o alentejano tinha que ele não tinha: «Tem tempo e tu tens pressa.»Quem anda sempre a correr, não chega a lado nenhum. E muito menos ao coração deuma mulher. Andar a correr é um problema que os alentejanos, graças a Deus, nãotêm. Até porque os alentejanos e o Alentejo foram feitos ao sétimo dia,precisamente o dia que Deus tirou para descansar.
E até nas anedotas, os alentejanos revelam a sua superioridade humana eintelectual. Os brancos contam anedotas dos pretos, os brasileiros dosportugueses, os franceses dos argelinos... só os alentejanos contam e inventamanedotas sobre si próprios. E divertem-se imenso, ao mesmo tempo que servem deespelho a quem as ouve.
Mas para que uma pessoa se ria de si própria não basta ser ridícula porqueridículos todos somos. É necessário ter sentido de humor. Só que isso é umextra só disponível nos seres humanos topo de gama.
Não se confunda, no entanto, sentido de humor com alarvice. O sentido dehumor é um dom da inteligência; a alarvice é o tique da gente bronca emesquinha. Enquanto o alarve se diverte com as desgraças alheias, quem temsentido de humor ri-se de si próprio. Não há maior honra do que ser objecto deuma boa gargalhada. O sentido de humor humaniza as pessoas, enquanto a alarvicediminui-as. Se Hitler e Estaline se rissem de si próprios, nunca teriam sido asbestas que foram.
E as anedotas alentejanas são autênticas pérolas de humor: curtas, incisivas,inteligentes e desconcertantes, revelando um sentido de observação, um sentidocrítico e um poder de síntese notáveis.
Não resisto a contar a minha anedota preferida. Num dia em que chovia muito,o revisor do comboio entrou numa carruagem onde só havia um passageiro. Porsinal, um alentejano que estava todo molhado, em virtude de estar sentado numlugar junto a uma janela aberta. «Ó amigo, por que é que não fecha a janela?»,perguntou-lhe o revisor.
«Isso queria eu, mas a janela está estragada.», respondeu o alentejano.«Então por que é que não troca de lugar?» «Eu trocar, trocava... mas com quem?»
Como bom alentejano que me prezo de ser, deixei o melhor para o fim. OAlentejo, como todos sabemos, é o único sítio do mundo onde não é castigo uma pessoa ficar a pão e água. Água é aquilo por que qualquer alentejano anseia. Eo pão... Mas há melhor iguaria do que o pão alentejano? O pão alentejanocome-se com tudo e com nada. É aperitivo, refeição e sobremesa. E é o único pãodo mundo que não tem pressa de ser comido. É tão bom no primeiro dia como nodia seguinte ou no fim da semana. Só quem come o pão alentejano está habilitadopara entender o mistério da fé. Comê-lo faz-nos subir ao Céu!É por tudo isto que, sempre que passeio pela charneca numa noite quente deverão ou sinto no rosto o frio cortante das manhãs de Inverno, dou graças aDeus por ser alentejano. Que maior bênção poderia um homem almejar?

segunda-feira, 24 de março de 2008

Amanhã... será um novo dia!...



O Guardador de Rebanhos


Há metafísica bastante em não pensar em nada.

O que penso eu do mundo?

Sei lá o que penso do mundo!

Se eu adoecesse pensaria nisso.


Que ideia tenho eu das coisas?

Que opinião tenho sobre as causas e os efeitos?

Que tenho eu meditado sobre Deus e a alma

E sobre a criação do mundo?

Não sei. Para mim pensar nisso é fechar os olhos

E não pensar. É correr as cortinas

Da minha janela (mas ela não tem cortinas).


O mistério das coisas?

Sei lá o que é mistério!

O único mistério é haver quem pense no mistério.

Quem está ao sol e fecha os olhos,

Começa a não saber o que é o Sol

E a pensar muitas coisas cheias de calor.

Mas abre os olhos e vê o Sol,

E já não pode pensar em nada,

Porque a luz do Sol vale mais que os pensamentos

De todos os filósofos e de todos os poetas.

A luz do Sol não sabe o que faz

E por isso não erra e é comum e boa.