segunda-feira, 31 de março de 2008

Música da Semana...

Por todas as razões... que só eu sei!...



Com doces e bolos... se enganam as “criancinhas”.




- 25 de Março - O primeiro-ministro, José Sócrates, afirmou ontem que a crise orçamental verificada em 2005, tal como em 2002, «está ultrapassada», pois os factores que a motivaram«estão resolvidos com as mudanças estruturais feitas no País». (Jornal “DN”)

- 25 de Março - Mais de 100 mil famílias portuguesas encontram-se em situação de grande dificuldade financeira. No entanto, as más notícias não ficam por aqui, pois as taxas de juro subiram pela 14ª sessão consecutiva, atingindo o valor mais alto deste ano. Esta subida mostra que as medidas dos bancos centrais (garantir liquidez) para resolver a crise de crédito não estão a resultar. (Jornal “Destak”)

- 28 de Março - O primeiro-ministro anunciou esta semana o fim da crise orçamental e acaba de lançar um rebuçado às empresas com a descida, já previsível, do IVA de 21 para 20 por cento. Um rebuçado às empresas, sim, porque a generalidade das famílias portuguesas vive cada vez com maior dificuldade para pagar as suas contas. E as casas. (jornal “Sexta”)

sexta-feira, 28 de março de 2008

Aqui e agora...



A minha filosofia de vida é cada vez mais: o estar aqui e agora.
Mais do que fiz (de bem ou de mal)... mais do que vai ser o meu futuro (sei lá o que vai ser...) é viver o hoje.
Viver o hoje significa estar de bem comigo... com os outros... com tudo o que me rodeia. Apesar das "chatices" que me batem à porta (e a quem não acontece isto?!...) é saber tirar partido dessas vivências.
Como soi dizer-se: "Não é difícil viver... difícil é saber viver". Não quero ter pressa de viver. Quero "saborear" cada momento...


Ai que prazer
Não cumprir um dever,
Ter um livro para ler
E não o fazer!
Ler é maçada,
Estudar é nada.
O sol doira
Sem literatura.
O rio corre, bem ou mal,
Sem edição original.
E a brisa, essa,
De tão naturalmente matinal,
Como tem tempo não tem pressa...

Livros são papéis pintados com tinta.
Estudar é uma coisa em que está indistinta
A distinção entre nada e coisa nenhuma.

Quanto é melhor, quanto há bruma,
Esperar por D. Sebastião,
Quer venha ou não!

Grande é a poesia, a bondade e as danças...
Mas o melhor do mundo são as crianças,
Flores, música, o luar, e o sol, que peca
Só quando, em vez de criar, seca.

O mais que isto
É Jesus Cristo,
Que não sabia nada de finanças
Nem consta que tivesse biblioteca...

quarta-feira, 26 de março de 2008

História virtual.




Entrei apressado e com muita fome no restaurante. Escolhi uma mesa bem afastada do movimento, porque queria aproveitar os poucos minutos que dispunha naquele dia, para comer e acertar alguns “bugs” de programação num sistema que estava a desenvolver, além de planear a minha viagem de férias, coisa que há tempos que não sei o que são.
Pedi um filete de salmão com alcaparras em manteiga, uma salada e um sumo de laranja, afinal de contas fome é fome, mas regime é regime não é?
Abri o meu portátil e apanhei um susto com aquela voz baixinha atrás de mim:
- Senhor, não tem umas moedinhas?
- Não tenho, menino.
- Só uma moedinha para comprar um pão.
- Está bem, eu compro um.
Para variar, a minha caixa de entrada está cheia de e-mail. Fico distraído a ver poesias, as formatações lindas, rindo com as piadas malucas.
Ah! Essa música leva-me até Londres e às boas lembranças de tempos áureos.
- Senhor, peça para colocar margarina e queijo.
Percebo nessa altura que o menino tinha ficado ali.
- Ok. Vou pedir, mas depois deixas-me trabalhar, estou muito ocupado, está bem?
Chega a minha refeição e com ela o meu mal-estar. Faço o pedido do menino, e o empregado pergunta-me se quero que mande o menino ir embora. O peso na consciência, impedem-me de o dizer.
Digo que está tudo bem. Deixe-o ficar. Que traga o pão e, mais uma refeição decente para ele.
Então sentou-se à minha frente e perguntou:
- Senhor o que está fazer?
- Estou a ler uns e-mail.
- O que são e-mail?
- São mensagens electrónicas mandadas por pessoas via Internet (sabia que ele não ia entender nada, mas, a título de livrar-me de questionários desses):
- É como se fosse uma carta, só que via Internet.
- Senhor você tem Internet?
- Tenho sim, essencial no mundo de hoje.
- O que é Internet ?
- É um local no computador, onde podemos ver e ouvir muitas coisas, notícias, músicas, conhecer pessoas, ler, escrever, sonhar, trabalhar, aprender. Tem de tudo no mundo virtual.- E o que é virtual?
Resolvo dar uma explicação simplificada, sabendo com certeza que ele pouco vai entender e deixar-me-ia almoçar, sem culpas.
- Virtual é um local que imaginamos, algo que não podemos tocar, apanhar, pegar... é lá
que criamos um monte de coisas que gostaríamos de fazer.
Criamos as nossas fantasias, transformamos o mundo em quase como queríamos que fosse. - Que bom isso. Gostei!
- Menino, entendeste o significado da palavra virtual?
- Sim, também vivo neste mundo virtual.
- Tens computador?! - Exclamo eu!!
- Não, mas o meu mundo também é vivido dessa maneira...Virtual. A minha mãe fica todo dia fora, chega muito tarde, quase não a vejo, enquanto eu fico a cuidar do meu irmão pequeno que vive a chorar de fome e eu dou-lhe água para ele pensar que é sopa, a minha irmã mais velha sai todo dia também, diz que vai vender o corpo, mas não entendo, porque ela volta sempre com o corpo, o meu pai está na cadeia há muito tempo, mas imagino sempre a nossa família toda junta em casa, muita comida, muitos brinquedos de Natal e eu a estudar na escola para vir a ser um médico um dia.
- Isto é virtual não é senhor???
Fechei o portátil, mas não fui a tempo de impedir que as lágrimas caíssem sobre o teclado.Esperei que o menino acabasse de literalmente 'devorar' o prato dele, paguei, e dei-lhe o troco, que me retribuiu com um dos mais belos e sinceros sorrisos que já recebi na vida e com um 'Brigado senhor, você é muito simpático!'.
Ali, naquele instante, tive a maior prova do virtualismo insensato em que vivemos todos os dias, enquanto a realidade cruel nos rodeia de verdade e fazemos de conta que não percebemos!

terça-feira, 25 de março de 2008

O Alentejo e os alentejanos.



Palavra mágica que começa no Além e termina no Tejo, o rio da portugalidade.O rio que divide e une Portugal e que à semelhança do Homem Português, fugiu deEspanha à procura do mar.
O Alentejo molda o carácter de um homem. A solidão e a quietude da planíciedão-lhe a espiritualidade, a tranquilidade e a paciência do monge; asamplitudes térmicas e a agressividade da charneca dão-lhe a resistência física,a rusticidade, a coragem e o temperamento do guerreiro. Não é alentejano quemquer. Ser alentejano não é um dote, é um dom. Não se nasce alentejano, é-sealentejano. Portugal nasceu no Norte mas foi no Alentejo que se fez Homem. Guimarães é oberço da Nacionalidade, Évora é o berço do Império Português. Não foi por acasoque D. João II se teve de refugiar em Évora para descobrir a Índia. No meio dasmontanhas e das serras um homem tem as vistas curtas; só no coração doAlentejo, um homem consegue ver ao longe.
Mas foi preciso Bartolomeu Dias regressar ao reino depois de dobrar o Cabodas Tormentas, sem conseguir chegar à Índia para D. João II perceber que só ocostado de um alentejano conseguia suportar com o peso de um empreendimentodaquele vulto. Aquilo que para o homem comum fica muito longe, para umalentejano fica já ali. Para um alentejano não há longe, nem distância porquesó um alentejano percebe intuitivamente que a vida não é uma corrida develocidade, mas uma corrida de resistência onde a tartaruga leva sempre amelhor sobre a lebre.
Foi, por esta razão, que D. Manuel decidiu entregar a chefia da armadadecisiva a Vasco da Gama. Mais de dois anos no mar... E, quando regressou, aoperguntar-lhe se a Índia era longe, Vasco da Gama respondeu: «Não, é já ali.».O fim do mundo, afinal, ficava ao virar da esquina.
Para um alentejano, o caminho faz-se caminhando e só é longe o sítio onde nãose chega sem parar de andar. E Vasco da Gama limitou-se a continuar a andaronde Bartolomeu Dias tinha parado. O problema de Portugal é precisamente este:muitos Bartolomeu Dias e poucos Vasco da Gama. Demasiada gente que não consegueterminar o que começa, que desiste quando a glória está perto e o mais difíciljá foi feito. Ou seja, muitos portugueses e poucos alentejanos.
D. Nuno Álvares Pereira, aliás, já tinha percebido isso. Caso contrário, nãoteria partido tão confiante para Aljubarrota. D. Nuno sabia bem que uma batalhanão se decide pela quantidade mas pela qualidade dos combatentes. É certo que oRei de Castela contava com um poderoso exército composto por espanhóis eportugueses, mas o Mestre de Avis tinha a vantagem de contar com meia-dúzia dealentejanos. Não se estranha, assim, a resposta de D. Nuno aos seus irmãos,quando o tentaram convencer a mudar de campo com o argumento da desproporçãonumérica: «Vocês são muitos? O que é que isso interessa se os alentejanos estãodo nosso lado?»
Mas os alentejanos não servem só as grandes causas, nem servem só para asgrandes guerras. Não há como um alentejano para desfrutar plenamente dos maissimples prazeres da vida. Por isso, se diz que Deus fez a mulher para ser acompanheira do homem. Mas, depois, teve de fazer os alentejanos para que asmulheres também tivessem algum prazer. Na cama e na mesa, um alentejano nuncatem pressa. Daí a resposta de Eva a Adão quando este, intrigado, lhe perguntouo que é que o alentejano tinha que ele não tinha: «Tem tempo e tu tens pressa.»Quem anda sempre a correr, não chega a lado nenhum. E muito menos ao coração deuma mulher. Andar a correr é um problema que os alentejanos, graças a Deus, nãotêm. Até porque os alentejanos e o Alentejo foram feitos ao sétimo dia,precisamente o dia que Deus tirou para descansar.
E até nas anedotas, os alentejanos revelam a sua superioridade humana eintelectual. Os brancos contam anedotas dos pretos, os brasileiros dosportugueses, os franceses dos argelinos... só os alentejanos contam e inventamanedotas sobre si próprios. E divertem-se imenso, ao mesmo tempo que servem deespelho a quem as ouve.
Mas para que uma pessoa se ria de si própria não basta ser ridícula porqueridículos todos somos. É necessário ter sentido de humor. Só que isso é umextra só disponível nos seres humanos topo de gama.
Não se confunda, no entanto, sentido de humor com alarvice. O sentido dehumor é um dom da inteligência; a alarvice é o tique da gente bronca emesquinha. Enquanto o alarve se diverte com as desgraças alheias, quem temsentido de humor ri-se de si próprio. Não há maior honra do que ser objecto deuma boa gargalhada. O sentido de humor humaniza as pessoas, enquanto a alarvicediminui-as. Se Hitler e Estaline se rissem de si próprios, nunca teriam sido asbestas que foram.
E as anedotas alentejanas são autênticas pérolas de humor: curtas, incisivas,inteligentes e desconcertantes, revelando um sentido de observação, um sentidocrítico e um poder de síntese notáveis.
Não resisto a contar a minha anedota preferida. Num dia em que chovia muito,o revisor do comboio entrou numa carruagem onde só havia um passageiro. Porsinal, um alentejano que estava todo molhado, em virtude de estar sentado numlugar junto a uma janela aberta. «Ó amigo, por que é que não fecha a janela?»,perguntou-lhe o revisor.
«Isso queria eu, mas a janela está estragada.», respondeu o alentejano.«Então por que é que não troca de lugar?» «Eu trocar, trocava... mas com quem?»
Como bom alentejano que me prezo de ser, deixei o melhor para o fim. OAlentejo, como todos sabemos, é o único sítio do mundo onde não é castigo uma pessoa ficar a pão e água. Água é aquilo por que qualquer alentejano anseia. Eo pão... Mas há melhor iguaria do que o pão alentejano? O pão alentejanocome-se com tudo e com nada. É aperitivo, refeição e sobremesa. E é o único pãodo mundo que não tem pressa de ser comido. É tão bom no primeiro dia como nodia seguinte ou no fim da semana. Só quem come o pão alentejano está habilitadopara entender o mistério da fé. Comê-lo faz-nos subir ao Céu!É por tudo isto que, sempre que passeio pela charneca numa noite quente deverão ou sinto no rosto o frio cortante das manhãs de Inverno, dou graças aDeus por ser alentejano. Que maior bênção poderia um homem almejar?

segunda-feira, 24 de março de 2008

Amanhã... será um novo dia!...



O Guardador de Rebanhos


Há metafísica bastante em não pensar em nada.

O que penso eu do mundo?

Sei lá o que penso do mundo!

Se eu adoecesse pensaria nisso.


Que ideia tenho eu das coisas?

Que opinião tenho sobre as causas e os efeitos?

Que tenho eu meditado sobre Deus e a alma

E sobre a criação do mundo?

Não sei. Para mim pensar nisso é fechar os olhos

E não pensar. É correr as cortinas

Da minha janela (mas ela não tem cortinas).


O mistério das coisas?

Sei lá o que é mistério!

O único mistério é haver quem pense no mistério.

Quem está ao sol e fecha os olhos,

Começa a não saber o que é o Sol

E a pensar muitas coisas cheias de calor.

Mas abre os olhos e vê o Sol,

E já não pode pensar em nada,

Porque a luz do Sol vale mais que os pensamentos

De todos os filósofos e de todos os poetas.

A luz do Sol não sabe o que faz

E por isso não erra e é comum e boa.